
quem sou eu neste instante?
sou palavras ecoando nesta tela escura,
sou uma experiência em pedir socorro
e nunca me foi dado.
eu peço socorro pelo que me é negado.
sou órfã de leitores, de filhos, de alegria.
será que minha vida é uma coisa inventada?
tenho que falar porque sei que quando falo me salvo,
mas não tenho nenhuma palavra a dizer.
nenhuma palavra que comova quem me lê, ou crie um laço de apego, ou transforme as coisas.
o que eu diria a mim mesma?
a minha franqueza vem das trevas
que me liga ao mundo
e se torna um ensaio do que eu queria ser e nunca consigo.
pareço um espelho abstrato de cores escuras,
uma caixa inviolável num quarto vazio,
pareço mas não sou,
eu sou uma inscrição na pedra
que o homem pré-histórico deixou
pra contar que existiu aqui. é isto que sou.
só sinto que existo quando deixo minha inscrição,
e minha história é viver sozinha.
Silvia2007
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