
Eu tenho fome de me tornar em tudo que não sou
Tenho fome de ficção, de fricções
de ser contra, de ser tudo o que não sou contra ou ao contrário
ser de encontro a outro ser,
Tenho fome do abraço de me tornar o outro
em tudo o que não sou, me tornar o outro
me tornar distinta do outro,
distinguindo por um nome distinto,
tenho fome de me tornar no que se esconde sob o meu nome,
embaixo do nome, no subsolo do nome, o sob nome
e por uma fresta num abraço contíguo, entrar, passar habitar o outro
em que me tornei em tudo.
sou em tudo por um tudo por uma fresta de tudo.
e me tornar em tudo todo o tudo,
personas, personagens, baile de máscaras de pessoas
que entram pelas frestas, e num abraço contíguo se abraçam, se casam,
fazem casa e se inscrevem se incrustam
máscars moluscas no meu rosto
me tornar uma escala crescente milesimal inteira
a face de um baile de máscara vir a ser o que não sou,
ainda que não sou e que sou sempre quando sempre tenho fome
qual a escala crescente ou decrescente pra saber
se um milésimo inteiro todo ser se revelou no abraço
contínuo contíguo em que se revelou tornar tudo,
tenho fome de me ter fome de tornar em tudo o que não sou
eu esta pessoa que está aqui escrevendo,
no singular do singular esta pessoa que sou eu pronome pessoal irredutível
enquanto pronome mas que mais se esconde se expande se estende
sob o embaixo no subsolo é que qualquer coisa além,
qualquer outrem outra coisa que mora no subsolo qualquer dias desses
o que não sou para meu uso
com o mesmo fuso fundo a fome e a saciez
no mesmo uso eu fundo e não sou tudo o que uso
não sou se me componho do que se funde, se confunde
se o que não sou quando me tornar
em tudo que toco e o que me toca
e nada pode deixar passar de leve o vento
por entre as frestas dos meus dedos
que nada se esconde por entre as frestas do nada
os passos leves do vento por entre as frestas
de que tenho fome ainda em ter tudo.
Silvia2007
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