
Sentiu-se um galho seco, espetado no ar. Quebradiço, coberto de cascas velhas. Talvez estivesse com sede, mas não havia água por ali perto. E sobretudo a certeza asfixiante de que se um homem a abraçasse e a beijasse naquele momento sentiria não a doçura macia dos nervos, mas o sumo de limão ardendo sobre eles, o corpo como madeira próxima ao fogo, vergada, estalante, seca. Não podia acalentar-se dizendo: isto é apenas uma pausa, a vida depois virá como uma onda de sangue, lavando-me, umedecendo a madeira crestada. Não podia enganar-se porque sabia que também estava vivendo e que aqueles momentos eram o auge de alguma coisa difícil, de uma experiência dolorosa que ela deveria agradecer: quase como sentir o tempo fora de si mesma, abstraindo-se.
nenhuma ponte se criava entre eles e, pelo contrário, nascia um intervalo.
aspirou o ar morno e claro da tarde, e o que nela pedia água restava tenso e rígido como quem espera de olhos vedados pelo tiro.
Um comentário:
"nenhuma ponte se criava entre eles e, pelo contrário, nascia um intervalo"
AMO ISSO!!!
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