
Era uma vez uma menina,
nem bonita nem feia.
Era apenas uma menina.
A vida foi-lhe colocando obstáculos pelo caminho
e ela deixou de ser menina.
Ou assim pensava ela.
Os seus braços e os seus cabelos cresceram e cresceram.
E os olhos. Os olhos tornaram-se tão grandes
que abarcaram dentro de si todas as pessoas
que ela amou nos seus vinte e qualquer coisa de vida.
E foram tantas essas pessoas.
O vento levou-as, a água apagou os seus rostos
e sobraram nomes bonitos gravados nos olhos da menina.
Por isso mesmo ela aprendeu a gritar.
Para deixar a dor sair.
Para amansar a fúria da tempestada que acontecia no seu interior.
Mas hoje ela não grita.
Tem mudado aos poucos.
Não se enfurece.
Deixa-se cair na cama e canta baixinho.
Hoje ela quer dizer isso mesmo.
Que gritar no silêncio onde ninguém nos ouve
não muda a nossa dor.
Não apaga as feridas.
Não retira os dedos que as pessoas insistem em cravar nos nossos olhos.
Por isso mesmo é preciso saber mover a paisagem.
Saber andar como anda a água implacável.
Saber terminar um ciclo e começar outro.
Eu sei e vocês sabem que ainda vou gritar muito,
Eu sei e vocês sabem que ainda vou gritar muito,
porque ainda vai doer muito. Viver dói.
Ver injustiças, dói. Magoarem-nos, dói.
Mas ao fim do dia há sempre música.
Um comentário:
a vida nao é justa, a vida nao é alegria, a vida nao é tristeza... a vida é dor, pra depois a gente deixar de sentir dor e gostar de melhorar...a vida é tudo...
tenho tempro sem te ler silvia, sentia saudade de escrever no meu blog, y de te leer...se cuida...
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