you know how I feel

you know how I feel

Emoções catalogadas em contagem decrescente.
hoje é o dia em que todas elas falam.
uma flor. uma janela.
uma nuvem desenhada no céu.
a luz que entra pela janela de um sol tímido, escondido.
um pensamento. distante... se perde.
a saudade do rumor do mar nas areias da praia.
os acumulos que o tempo encontra em mim.
palavras e palavras. e tanto silêncio entre elas.
há, ainda hoje, um cheiro de pão torrado misturado com o aroma do café com leite
e o som de um sino invocando o dever de fé.
o mesmo som de quando criança eu corria por aqui.
Tudo isso implícito neste sentimento antigo
de que o mundo é incapaz de resistir à força do vento que sopra.
Olho todos os meus livros empilhados por afeto na estante da sala.
e nenhum conhecimento que me levasse a ser maior ou melhor.
Meus olhos como um calesdoscópio de cores. cheiros. texturas.
aí se apertam os pedaços da minha vida.
todos eles levam os sublinhados dos meus passos.
os personagens de assombro que me habitam.
talvez a solidão seja esse vento maior que nós.
sabe-se lá porquê acontece.
a vida escorre muitas vezes por entre esses momentos de ausência.
tanto faz. a eternidade é um só momento. e um nome. um só nome.
sempre tive medo que os outros me deixassem, ou que eu partisse.
tanto faz. outra coisa, nunca soube, apenas tive medo.
dizer: amo-te. como uma palavra que salva, que me mantém viva.
pensei sempre que isso estivesse implícito na melancolia dos meus gestos.
é desse tempo, imensurável, que vem esta escrita.
sempre tive medo de partir sem asas.
sem que essa metamorfose lenta e única me transfigurasse a face.
e me abrisse no corpo esse espanto.
sempre tive medo que os dias me esgotassem a vontade.
e me devorassem os olhos.
mas digo a você e a mim.
a vida acontece-me. ainda que silenciosa.
ainda. como a anunciada no sopro deste vento
que não posso ver senão, através das folhas da espirradeira no jardim.
olho as paredes desta casa.
desta minha construção
e digo, eu estou viva,
alguém me agradeça por isso. e assim basta. basta.
a escrita é a minha primeira morada de silêncio
depois esta casa, como abrigo do meu corpo.
não sei se a morte é esse esquecimento das coisas. talvez.
mas hoje é o dia em que todas as coisas falam.
dessa lentíssima metamorfose. de asas. ou talvez mão.
e outra mão. talvez apenas assim.
um imperceptível rumor contra a erosão do vento.
palavras que escrevo em busca de teto e chão para os meus dias.
gestos erguidos no passar dos minutos, escultura das horas.
estas palavras, segredos, a lentíssima construção de um abrigo.
escrevo continuamente...
areia e mais areia construindo no sangue minhas paredes, ou esse abrigo de silêncio?
a distância encurtada entre uma palavra e outra,
a brancura dos dias. e me arrumo. entre o sangue e a matéria literária do meu corpo.
como página decorada da minha vida. na estante da sala.
aqui me pertence. é o meu lugar.
é assim que hoje enumero todas as coisas. com a urgência de reter a memória delas.
para que o meu corpo não perca essa sombra que se projeta quando caminho.
e silenciosamente asas me cresçam. antes.
Silvia2008

Um comentário:

SB FOTOGRAFIAS disse...

Ei Silvia, lembra de mim? Pois é, minha vida tá uma correria louca e continuo sem internet em casa e quando entro é sempre correndo e nem sempre dá pra responder por estar na casa dos outros ou num cyber (que fica caro)é chato de navegar em coisas particulares (sou muito sistemática pra essas coisas)é fogo! mas tô vivendo e meio triste por estar sem net, nem que seja discada.

Meu blog tá muito chato pra você, não é mais seu estilo, estou numa fase muito ridícula mas por outro lado muito meu e por isso tá tudo diferente de antes mas meu coração continua o mesmo.

Te amo muito amiga, fica com DEUS.

Suzana



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