
o que esperam de mim?
o que eu espero que esperem de mim?
eu esperava ter vida, rítmica, constante,
como um coração que não precisa aprender bater,
como o compasso do relógio correto em cada instante.
mecanicamente cumprindo seu trajeto, sem grandes problemas.
Eu esperava um filho, um milagre, uma história,
esperava que as paisagens fossem sempre belas, as casas silenciosas, as estradas largas,
só que foi o contrário, e eu encalhei em você como uma náufraga,
bebo e fumo demasiado demais,
alterno a ordem do mundo com uma violência despropositada,
só para caber nele, ou pertencer a ele.
Irrito-me comigo, contigo, com o mundo.
Faço-me chorar, porque te ensinei depressa demais os segredos do meu prazer,
te ensinei a me cobrar, até o que não consigo ser.
e enquanto o tempo passa eu vou estragando tudo, deixando tudo para depois,
Envelheço muito. Não sabia que isto podia acontecer tão rápido.
Começo a odiar-me, o que não me livra de mim.
este não sei para onde é uma espécie de cemitério dentro de mim
onde vou enterrando cada certeza que eu tinha de mim e da vida.
apago-me dentro de mim, deixo de ser valiosa pelo que eu acreditava,
e por tudo o que realmente me valia,
estou me transformando num museu,
numa arqueologia de sonhos empoeirados,
eu não sou nada, nunca serei nada.
Silvia2008
2 comentários:
amo essa música,
ela me acalma
e me deixa feliz ao mesmo tempo...
Muse é muito bom...
e com tata filosofia perfeita assim, vc não é nada.... tenho pena dos demais mortais...
O presente é muito mais gostoso do que o pasado. Ficar um dia ao menos sem lembrar do que ou de quem se foi é uma grande prova que a vida é bela, colorida e perfeita.
"O maior impecílio está na nossa mente"
Ai Sílvia, como escreves bem. adoro!
Ray
Postar um comentário