estes dias

O que se passa de tão decisivo em mim?

tomei-me de impaciência contra mim mesma,

compreendi que é o tempo de ser eu mesma,

num só gole, dissipar,

nutrir o meu espírito que estava paralisado,

como tenho esquecido coisas, ou ignorado apenas

como estava tudo na conclusão empoeirada do meu coração míope.

então o meu espírito tomou a decisão de não enganar-se.

qualquer modo de viver

menos esse animal marítimo

que vivia de esconderijos nos rochedos

em segredos, em comunhão com o mar.

No fundo de nós, lá no íntimo,

há qualquer coisa rebelde esperando as instruções,

então toda a minha atividade passada

se convenceu no seu olhar serem incompletas.

talvez uma vontade de se iludir,

de dizer que as coisas não são deste,

mas sim de outro jeito,

de que apenas as admitimos como tal,

um prazer na incerteza,

isso pode ser uma tarefa estranha e louca,

e quem havera de negar?

porque então?

um olhar, um alguém,

consegue peregrinar dentro da gente?

sem bater, sem pedir licença,

ou será que esquecemos a porta aberta?

ou o vento mesmo que a abriu?

ou enfim, nunca a fechamos,

e é só o outro que demorou mesmo a vir, a chegar...

pra reascender dentro da gente a vontade de ser feliz .