
Tudo é muito
para um coração enfraquecido
que só suporta o menos.
não há ninguém aqui,
eu sou um eco de mim mesma.
só posso querer o pouco e aos poucos
diz o mundo pra mim!
eu nunca dei isso que estou sentindo
a ninguém e a nada.
dei a mim mesma?
dou na medida que cabe dentro dos meus nervos tão frágeis e suaves.
esta promessa de alegria no meu coração...
eu não consigo, neste adestramento contínuo
de viver os dias como todos vivem,
como me inquieta que não ultrapassem
um pouco as pessoas de seus egos narcisos,
e busquem mais um pouco de vida nos outros,
quebra a minha carne e o meu espírito
me sentir tão sozinha...
de não ser ou ter o que as pessoas querem.
mas vou esperar, com delicadeza,
comendo cada mínima migalha de tudo,
meu medo particular vai ficar conservado do lado de fora.
quando foi que fui me tornando tão delicademente invisível?
assumi sonsa as cores das sombras e dos verdes,
andando sempre do lado de dentro das calçadas,
algo natural não teria sido...
tenho um coração que grita que está certo,
é faro, direção dos ventos,
sabedoria, esperteza de instinto,
experiências de morte,
adivinhação em lagos,
desadaptação inquietantemente feliz,
pois descubro que ser desadaptada é a minha fonte.
eu sei com meu coração
que por nunca ter ousado expor-se no centro,
e há séculos mantém-se a sombra à esquerda,
este meu coração indireto ,
não quer mais se esconder,
eu quero troca e não competição,
eu quero alguém como eu, intraduzível.
mas de inteireza de espírito,
não quero ninguém pra me roubar,
ou colecionar meus atos,
não sou um embrulho que se leva e põe-se na despensa,
eu só peço alguém que tenha olhos completos,
que já atravessou trevas,
e sangrou em espinhos,
mas descobriu um atalho no meio da escuridão.
eu quero encontrar alguém que faça uma promessa por mim,
e me faça companhia e me dê esperanças.
escrever é uma maldição.
Silvia2007
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