
Eu não sei o nome desta coisa estranha e pobre
que existe nesta minha substãncia íntima de ser
não sinto bem em mim
falta-me alimento, portas, ruas, olhos
eu sou uma impossibilidade?
eu me acostumei a isso? não. senão, não me sentiria assim
sinto náusea em ser uma humana
é sempre a mesma sucessão de sentimentos
sou um pobre bicho de duas patas, vestido e fraco
com uma alma horrorosa e ignorante
com desejos trincados em sonhos que não são meus
são da humanidade, da sociedade, dos outros
eu sou o condicionamento de tolerãncia ao nada
eu e meus hábitos de solidão escrevendo palavras que não chegam a lugar nenhum
eu e minha cabeça no mundo da lua que não sabe gerar idéias, conquistas
eu e eu, aqui. monólogo estúpido e vicioso
e a maldita síndrome de cinderela esperando a salvação
eu sou uma imaginação? uma fulguração?
não. eu sou insignificante apenas
não aprendo nunca a aprender.
Silvia 2008